terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

MEMÓRIA DO GINÁSIO SALESIANO: DESFILE DE 7 DE SETEMBRO

 
    Quem estudou no Ginásio Salesiano São João Bosco sabe o quanto era bonito participar do desfile de 7 de Setembro. A farda de gala (própria para a ocasião) parecia uniforme militar. Marchar pelo Colégio já era uma grande honra. Mas a glória maior era de quem fazia parte da banda (que hoje se chama fanfarra). Era preciso ser muito bom, mesmo, pois seus dirigentes (Bosco, filho de Mestre Chiquinho Barbeiro, foi um deles) eram muito exigentes e, depois, Padre Mário Balbi, o comandante geral do desfile, era mais exigente ainda. Queria tudo muito perfeito, coisa de chamar atenção. Quem não conseguia ser da banda, se contentava em participar de algum pelotão ou dos carros alegóricos, todos saídos da fértil imaginação do professor Luiz Magalhães. Também era uma honra participar do pelotão dos cavalos ou das bandeiras. Afinal de contas, o Ginásio Salesiano em matéria de brilhar no desfile do Dia da Pátria, não deixava por menos: tinha de ser o melhor! Era uma questão de ponto de honra do Padre Balbi, que a turma chamava de padre Corro, falecido no ano passado. Os ensaios preparativos para o grande dia começavam já no mês de agosto, inicialmente dentro do próprio Colégio e depois pelas ruas próximas ao colégio. A ordem de padre Mario Balbi era rígida demais: todos tinham de marchar direito, garbosamente, disciplinarmente, com galhardia, pois era preciso causar uma boa impressão. O Salesiano era sempre o último a desfilar. Era um delíquio a gente desfilar pelas ruas, especialmente pela São Pedro em direção à Praça Almirante (era assim que se chamava na época), o ponto culminante do desfile, uma espécie de Praça da Apoteose, como a que existe no desfile de carnaval do Rio de Janeiro, no Sambódromo. Quando o Salesiano chegava a praça já estava completamente lotada de gente, principalmente dos alunos das escolas que desfilaram antes. Todos queriam ver quais as novidades que o Salesiano iria trazer desta vez. A ovação era geral. Era um grande espetáculo para todos: quem participava como aluno e quem assistia como plateia. Terminado o desfile, a turma ficava na Praça flertando (hoje se diz paquerando) com alguma estudante de outra escola e quem já tinha namorada, esnobava desfilando de mãos dadas com ela (uma ousadia para a época!). Durante o tempo em que estudei no Salesiano  (1961-1964) sempre nutri um grande desejo de participar da banda. Tentei tocar tarol (caixa), mas fui reprovado várias vezes, pois não tinha cadência. Finalmente, no último ano, consegui uma vaga... porém tocando tambor. Mas foi uma glória! De outra vez participei do pelotão das bandeiras. Me lembro de Bolinha (Wilton, filho de seu Joaquim Mancinho, comerciante já falecido) tocando impecavelmente o zabumbão. Ele era o mais alto e gordo da turma. Esse instrumento só podia ser tocado por rapaz de grande porte, pois é um instrumento muito pesado. Na foto mostrada aqui, quem está tocando esse instrumento é Hélio, pois não consegui nenhuma foto com Bolinha. Os carros alegóricos idealizados por professor Luiz eram um caso à parte. Eram uma coisa tão rica quanto os carros alegóricos que hoje vemos no carnaval do Rio de Janeiro.  Ele sempre mostrava fatos históricos e escolhia a dedo quem iria ser fantasiado de Dom Pedro, de Tiradentes, de algum bandeirante ou de índio. E nesse ponto era muito exigente. A fantasia era luxuosa, cara, portanto; mas qual era o pai de família que não gastava o dinheiro contente por ver ser filho  representando personagem tão importante? Ser Dom Pedro por algumas horas poderia... quem sabe? trazer como recompensa... uma namorada! Por isso, a expectativa de receber o convite do professor Luiz era muito grande e contagiava a nós todos. 
       Era isso que estava guardado na minha memória sobre o Salesiano no desfile de 7 de Setembro em Juazeiro do Norte nos Anos 60. Se você viveu também esta inesquecível experiência faça seu comentário ou conte alguma coisa. Se tem foto, mande-nos para  que possamos melhorar a nossa galeria.(Daniel Walker)


 

Um comentário:

  1. Esse "lindo rapaz", na segunda foto, com jaqueta escura, calça e tênis branco é o meu amado irmao Zé Bezerra... orgulhoso de levar no peito esquerdo o escudo "simbolo dos salesianos"... nesse dia tao importante (na época) ele acordava muito cedo, vestia esse uniforme, (impecável desde a noite anterior...rsrs) e vaidoso desfilava representando esse colegio q. sempre foi "parte da sua vida". Olha Daniel, vc ainda me mata de saudade quando exibe fotos da "pracinha" do posto de saúde enfrente a minha casa e tantas outras q. sao "pedaços de mim". Obrigada por esse espírito de preservaçao da NOSSA HISTORIA, por sua LUTA de nao deixar morrer nossas RAIZES quando vc abre esse BAú tao VALIOSO que infelismente "por descaso" de muitos restaram APENAS FOTOS. Bjao. - Lu Bezerra (Tampa-Florida)

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