segunda-feira, 19 de dezembro de 2016

JUAZEIRO DO MEU TEMPO: DR. MAURO SAMPAIO, GERAÇÃO ROMÂNTICA


"Grandes líderes são capazes de levantar a auto-estima de suas equipes. Se as pessoas acreditam nelas mesmas, é impressionante o que elas conseguerm realizar". Quem diz isso, com sua vitoriosa experiência internacional, é Sam Walton, fundador do Wal-Mart, maior rede de varejo do mundo (que tem unidade no Juazeiro do Norte) e patriarca da família mais rica do mundo. O que ele diz aplica-se ao "case" do Juazeiro do Norte nos anos finais da década de 1960. Juazeiro tinha uma força poderosa aglutinadora e mobilizadora de líderes verdadeiramente comprometidos com o progresso da cidade. Da mesma forma, era a sinergia que produziam esses líderes políticos, empresariais, culturais, religiosos, esportivos e classistas dessa época junto à sociedade do Juazeiro. Foi a segunda geração de lideres românticos e idealistas que envolveu, sacudiu e mobilizou Juazeiro inteiro em sua história. A primeira foi 50 anos antes, em 1910, quando sob a liderança dos líderes românticos e idealistas Padre Cícero, Alencar Peixoto, Floro Bartolomeu e Jose Marrocos, Juazeiro deu seu grito de Independência, deixando de ser pequeno e pobre arraial para ser a mais progressista cidade do Ceará. Agora, 50 anos depois, nos anos 1960, Juazeiro experimentava o entusiasmo e a vibração de uma nova geração romântica: Além de excelente prefeito, o melhor da história da cidade, depois do Padre Cícero, Mauro Sampaio era um grande líder à frente de tudo relacionado com Juazeiro. Fazia a cidade aparecer no Nordeste como novo centro de desenvolvimento, atraindo os olhares de novos empreendedores e investidores. Cumpria exitosamente sua missão tendo ao seu lado muitos outros líderes acreditados e respeitados pela comunidade Cícero Mozart Machado, presidente da Câmara Municipal; José Gondim Lóssio, dinâmico presidente da Associação Comercial do Juazeiro; Adauto Bezerra, presidente do Banco do Juazeiro; Antônio Correia Celestino, presidente da Aliança de Ouro, primeira S/A do Cariri; Raimundo Coelho, construtor civil pioneiro no processo de verticalização residencial do Juazeiro; vereador Francisco Rocha da Silva, Padre Murilo de Sá Barreto, pároco de Nossa Senhora das Dores e Vigário do Nordeste; Padre Gino Moratelli, diretor do Colégio Salesiano do Juazeiro, referência na educação da cidade; Coelho Alves, diretor da Rádio Iracema do Juazeiro; Gilberto Sobreira, diretor da Gráfica Sobreira; Menezes Barbosa, diretor da Rádio Progresso do Juazeiro; Alberto Moraes, empresário empreendedor, dono do conceituado Armazém São Pedro; Geová Sobreira, diretor do Colégio 24 de Março, hoje Centro Educacional do Cariri; Aderson Borges de Carvalho, empresário, organizador e realizador da Primeira Feira Industrial do Cariri; Severino Alves Sobrinho, dono de "A Vencedora"; maior loja comercial da cidade; José Feijó de Sá, presidente da Icasa-Indústria e Comércio de Algodão S/A; José Teófilo Machado, prefeito e vice dos prefeitos Humberto Bezerra e de Mauro Sampaio; Antônio Fernandes Coimbra, empresário, diretor da Gráfica Mascote; Aldemir Sobreira, diretor do jornal Tribuna do Juazeiro; Walter Barbosa, presidente da Associação Juazeirense de Imprensa; Humberto Bezerra,ex-prefeito e diretor da Organização Bezerra de Menezes. Felipe Neri da Silva, diretor da Organização Felipe Neri; José Afonso Oliveira, diretor do Banco do Juazeiro; Expedito Cornélio, presidente da Celca-Companhia de Eletricidade do Cariri; Amália Xavier de Oliveira, professora e escritora, diretora da Escola Normal do Juazeiro; vereador Gumercindo Ferreira, Abraão Batista, professor universitário e escritor de cordel; Pedro Bandeira, Príncipe dos Poetas Populares; Zuila Moraes, professora e presidente da APAE-Juazeiro, Associação dos Pais e Amigos dos Excepcionais; Sousa Menezes, cronista da Rádio Iracema do Juazeiro; Tibério César, presidente do Centro Estudantal Juazeirense; Dário Maia Coimbra, diretor do CRP-Centro Regional de Publicidade; Sílmia Sobreira, professora e animadora cultural; e muitos outros, como Dr. Leão Sampaio, Dr. Odílio Camilo, Dr. Mário Malzoni, Dr. Possidônio Bem, Dr. Hildegardo Belém, Dr. Mozart de Alencar, Dr. Edvard Teixeira Férrer, Dr. Doro Germano, Dr. Reginaldo Duarte, padre José Alves de Oliveira, padre Antônio Onofre de Alencar,e dirigentes da Câmara Júnior, Rotary Clube e Lions Clube, que tinham atuação dinâmica e participação efetiva de vanguarda no desenvolvimento do Juazeiro. Quando precisavam bater o tambor para chamar a atenção ou convocar a população para apoio aos interesses da cidade, todos eles tinham um endereço comum: rua Santa Luzia, no Quarteirão de Sucesso do Juazeiro, a "rua do broadcasting", onde ficavam as duas emissoras Rádio Progresso e Rádio Iracema, ambas no mesmo edifício do Banco do Juazeiro. Dali se espalhavam por toda a cidade as novas conquistas, os novos investimentos, os novos empreendimentos e os novos rumos de progresso. Todos esses líderes acreditavam em suas próprias forças e mais ainda na força conjunta de todos. Por isso, conseguiram realizar coisas impressionantes no Juazeiro do Meu Tempo. Penso que o grande líder desses líderes, o prefeito Mauro Sampaio, tinha o que Abraham Lincoln definia como "capacidade para desenvolver habilidades extraordinárias em pessoas comuns". Mais do que isso, com sua serenidade e seu entusiasmo, Mauro Sampaio fazia o povo do Juazeiro sonhar com um futuro melhor encarnando o que um dia disse Napoleão Bonaparte: "O verdadeiro líder é um vendedor de esperança". Mantinha a esperança e a crença no futuro, fazendo. Mauro Sampaio era um homem de ação. Construiu as duas maiores obras do século no Juazeiro: a Estátua do Padre Cícero, segunda maior do Brasil,depois do Cristo Redentor, no Rio de Janeiro, e o Estádio Romeirão, o principal do interior do Ceará e um dos mais maiores do interior do Nordeste. Dr. Mauro tinha a genuína essência da liderança que é a visão de futuro e a incontestável capacidade de fazer o povo do Juazeiro acreditar nesse caminho do futuro. Ele inspirava a grandeza do Juazeiro. E era nesse rumo que todos esses líderes com ele caminhavam, confiantes, vibrantes, ousados, inovadores, participativos, combativos, destemidos. Ninguém queria tomar o lugar de ninguém, todos queriam o bem do Juazeiro. Ao lado do poder público, entidades privadas vigorosas promoviam a ebulição do Juazeiro. A Associação Comercial do Juazeiro, por exemplo, mais parecia uma Companhia Geral de Desenvolvimento. Seu presidente, o carismático José Gondim Lóssio, entusiasta e desenvolvimentista, era voz influente e decisiva em quase todos os assuntos importantes da cidade. Sempre tinha uma palavra de aplauso e de apoio aos novos melhoramentos que se instalavam na cidade e sempre tinha uma palavra encorajadora ao povo do Juazeiro na luta por novas conquistas. A aspiração progressista empolgava desde o mais ilustre líder, como o prefeito Mauro Sampaio, ao mais modesto, como Tibério César, presidente do Centro Estudantal Juazeirense. Sem carro, andava a pé por todo o Juazeiro, gastando sola de sapato com uma pastinha debaixo do braço ou cobrindo a cabeça por causa do sol, cheia de documentos dos estudantes para os quais trabalhava incansavelmente, como servidor, qualidade primordial de um autêntico líder. Entretanto, nessa real simplicidade, Tibério César era empurrado pelo mesmo sentimento que movia os demais grandes líderes dessa época: amor ao Juazeiro.Como uma pátria amada é reflexo dos seus patriotas, Juazeiro era uma cidade amada, reflexo dos seus cidadãos e dos seus líderes. Nunca mais Juazeiro teve isso. Nem o Brasil. Líderes de hoje são repugnantes: falsos, aventureiros, interesseiros, trapaceiros, oportunistas, enganadores, demagogos, hipócritas, sem-vergonha, caras de pau, horrivelmente corrompidos, corruptos e corruptores. Parece que se satisfazem e se realizam na conceituação de Voltaire: "A política tem a sua fonte na perversidade e não na grandeza do espírito humano". Ou, então, como dizia Stanislaw Ponte Preta, "eles lutam pelo progresso do nosso subdesenvolvimento".No final dos anos 1960, os líderes do Juazeiro eram personalidades notáveis e confiáveis em caráter, civismo, honestidade, comprometimento, honra e dignidade. Juazeiro vivia uma revolução do futuro, aquela que segundo Ernest Renan, "será o triunfo da moral sobre a política" e principalmente sobre a politicagem. Os líderes do Juazeiro caminhavam todos juntos na mesma direção orientados por valores nobres e bases sólidas para o progresso. O destino de cada um e de todos era o mesmo: Juazeiro do Amanhã. Por isso, produziram ampla sinergia envolvendo toda a população da cidade. Foi uma época realmente dourada e comovente na historia do Juazeiro, proporcionada por grandes e ousados líderes. Fizeram coisas impressionantes. Enquanto escrevia esta série Juazeiro do Meu Tempo em vários momentos lágrimas brotaram do meu coração e tocaram minha alma profundamente.Cheguei a derramar lágrimas, que sempre são verdadeiras. Por isso, faço minhas as palavras de Daniel Walker: "É impossível mergulhar no Juazeiro dos Anos 60 sem emergir com os olhos cheios de lágrimas. Não lágrimas de choro, mas lágrimas de alegria. Alegria de ter participado de uma época dourada, gloriosa e inesquecível". Foi um tempo que incendiou e explodiu o coração patriótico dos verdadeiros juazeirenses. Foi quando os juazeirenses, antes de serem brasileiros, tiveram orgulho de serem juazeirenses Todos esses líderes formaram uma linda geração romântica que embalou os sonhos e as esperanças do Juazeiro. Ficou a receita de sucesso para os novos líderes e as novas gerações do Juazeiro. Dizem que as gerações românticas aparecem de 50 em 50 anos. Será? Se for, deve estar surgindo outra para produzir um novo tempo no Juazeiro, esplendoroso como o dos anos 60. Foi contagiante, cativante, estimulante, desafiante, empolgante, ativante, palpitante, fascinante, excitante, triunfante, emocionante. Foi bom demais! Maravilhoso, inesquecível! .


*Jota Alcides, jornalista e escritor, é autor de "Juazeiro, Cidade Gloriosa" e "Manchester do Cariri".

sábado, 3 de dezembro de 2016

JUAZEIRO DO MEU TEMPO: WALTER BARBOSA, PAIXÃO POR JUAZEIRO - POR JOTA ALCIDES

Quem é um grande homem? O genial filósofo francês, Albert Camus, dá a pista: "A grandeza do homem consiste na sua decisão de ser mais forte que a condição humana". Como fundador e presidente da Associação Juazeirense de Imprensa(AJI), desde 1965, ele batalhou, incansavelmente, pelo reconhecimento e pela valorização do papel da mídia na defesa e promoção dos interesses, das causas e aspirações do povo de Juazeiro do Norte. Fez da AJI uma trincheira própria para sua realização como jornalista combatente e combativo sempre empunhando a bandeira azul-amarelo do Juazeiro. Em permanente estado de alerta e de plantão na presidência da AJI, passou a ser respeitado, admirado e consultado em todas as questões onde apareciam em jogo os interesses do Juazeiro porque, para ele, Juazeiro estava sempre em primeiro lugar. Valente, determinado, dinâmico e vibrante, assim era Walter Barbosa, jornalista, radialista, advogado, contador, professor, escritor e sobretudo defensor ardoroso do Juazeiro. Não era poeta, nem cantor, mas tudo que fazia tinha o mesmo sentimento de Casimiro de Abreu, seu poeta preferido: "Todos cantam sua terra, também vou cantar a minha". Foi com esse espírito que Walter Barbosa escreveu belas páginas de intensa atuação em favor da cidade no Juazeiro do Meu Tempo, anos finais da década de 1960. Ganhou fama e prestígio como jornalista e intelectual, mas sua popularidade se expandiu com raízes profundas da árvore da caridade que plantou para dar sombra, conforto e esperança aos mais humildes e mais carentes. Além da AJI, Walter Barbosa presidiu várias instituições sociais, educativas, culturais e classistas, destacando-se: Sociedade de Amparo aos Mendigos, União Contabilista Juazeirense, Associação dos Empregados no Comércio de Juazeiro do Norte, Rotary Club e Fundação José Barbosa dos Santos, sendo também Venerável da Loja Maçônica Evolução Nordestina. Ex-estudante do Colégio Salesiano do Juazeiro, Walter Barbosa, extrovertido e expansivo, não parecia religioso mas era uma espécie de filósofo cristão, apologista das três virtudes teologais, fé, esperança e caridade, conforme se depreende de alguns dos seus pensamentos colecionados pelo escritor e historiador Raimundo Araújo; Como professor, gostava de alertar seus alunos para o lado transcendental da vida:. "Sem Deus você não será nada. Deus foi quem lhe deu a vida e vem lhe mostrando todo dia sua vontade em ajudá-lo. Seja amigo de Deus, sendo amigo das pessoas".Quanto à caridade, incluía nela a atenção devida aos mais idosos. "É preciso ter paciência e caridade para com os velhos. Um dia nós chegaremos também a envelhecer e precisaremos da paciência e caridade dos outros".Com seu espírito religioso,era mais do que um devoto do Padre Cícero, aproveitando as chances que tinha para exaltá-lo "O Padre Cícero é um santo. O que ele sofreu sem reclamar e o que fez de bom na terra, mostra sua grandeza de coração e espírito".Seguindo o exemplo do Padre Cícero, Walter Barbosa tinha uma visão própria do sofrimento: "Quando estiver sofrendo, não se desespere. Existe um Deus tão bom que estará ao seu lado para encorajá-lo. O sofrimento aprimora o coração e purifica a alma.Posso agora medir quanto o sofrimento me aproximou de Deus. Minha vida mudou muito". Que sofrimento foi esse? Apesar de ter uma vida agitada, com inúmeras atividades vistas e admiradas por todos, poucos sabem que ele sofreu durante muitos anos de distúrbio cerebral gerador de convulsões. Sofreu muito com ataques inesperados, traiçoeiros e incontroláveis. Certa vez, ia atravessando a Praça Padre Cícero, à noite, quando teve um ataque em frente a estátua do Padim. Caiu e ficou se debatendo. Casualmente, estava no local, num banco da praça, seu irmão, o cronista Menezes Barbosa. Sabedor do problema, o cronista foi imediatamente acudi-lo. Quando acalmou e acordou, Walter, desnorteado, perguntou o que tinha acontecido. E ouviu de Menezes Barbosa palavras de compreensão, solidariedade, fraternidade e carinho: "Foi nada não, meu irmão. Foi apenas uma topada. Já passou, vamos pra casa". Depois disso, fez tratamento em São Paulo e melhorou. Mesmo com todo ao limites dessa enfermidade, Walter Barbosa era um gigante em intensa atividade, sem parar. Na Cultura, Walter Barbosa foi o maior incentivador no Juazeiro dos grupos de folguedos regionais e tradicionais do Cariri. Sob sua liderança, os grupos de bandas cabaçais, dançadores de coco e maneiro-pau do Juazeiro, representantes das danças singelas de índios e caboclos, desde tempos imemoriais, deram show e fizeram o maior sucesso no 1º Festival de Folclore do Ceará, realizado em Fortaleza em 1965. Foi a maior demonstração de vitalidade do folclore do Juazeiro Embora desenvolvesse intensas ações nos campos da assistência social, educação, radiofonia e cultura, foi nessa época de ouro do rádio no Cariri, que Walter Barbosa se consagrou como radialista. Comandou um dos programas de maior audiência na história do rádio caririense; "Delegacia das Lamentações", na Rádio Progresso do Juazeiro, que tinha como trilha sonora a linda música African Beat, com a maravilhosa orquestra de Bert Kaempfert, Um dia, sai caminhando da casa de minha tia Leonildes Lima, no final da rua Santa Luzia, no bairro de São Miguel, até o centro, indo para a emissora. Fiquei impressionado. Dentro das casas, de cada dez, seis estavam ligadas na Progresso, ouvindo a Delegacia das  Lamentações e quatro ligadas na Rádio Iracema, ouvindo Xexéu e Cajarana, com Alceli Sobreira e Assis Ferreira(Escurinho). Obviamente, o programa do Xexéu já tinha alguns anos e uma audiência consolidada. Mas agora enfrentava um concorrente de peso que estava lhe tirando gorda fatia do bolo de audiência: 60%, um número altamente expressivo. "Delegacia das Lamentações" era um programa de linguagem policial, mas de diversão inocente, sem a baixaria verborrágica dos programas policiais da atualidade. Walter fazia o papel do severo Delegado 70, dando respostas e decisões sobre lamentações e reclamações dos ouvintes apresentadas por Leofredo Pereira, no papel de Cabo Corrijo. Ao relatar as lamentações e reclamações, o Cabo Corrijo acabava se metendo em situações hilárias, recebendo corretivos do Delegado 70. Foi um programa que conquistou o Cariri e ainda hoje é lembrado com muita saudade. Até pedem a sua volta. Walter Barbosa, nascido em 6 de novembro de 1929, filho de José Barbosa dos Santos e Francisca Menezes Barbosa, teve oito irmãos:Geraldo Barbosa, João Barbosa, Zezinho Barbosa, Terezinha Barbosa, Ana Maria Barbosa, Maria Ivone Barbosa e Maria Felicidade Barbosa.Seguiu o exemplo do pai com prole numerosa: teve também nove filhos, sete do seu primeiro casamento com Maria Edite Figueiredo Barbosa,e mais dois do. segundo casamento, com Terezinha de Fátima Figueiredo Barbosa. Como jornalista, foi também correspondente no Juazeiro do Correio do Ceará, então o segundo mais importante jornal do Ceará Como escritor, deixou três livros: "Folclore Juazeirense" "Roteiro Turístico de Juazeiro do Norte" e "Padre Cicero, pessoas, fotos e fatos" . Como professor, tinha a mesma crença do educador Paulo Freire: "Não é no silêncio que os homens se fazem, mas na palavra, no trabalho, na ação-reflexão". Assim, Walter Barbosa fez-se mais forte que sua condição humana. Brilhou intensamente na constelação da geração romântica do Juazeiro do Meu Tempo. Morreu em 1º de julho de 1991, num hospital em Fortaleza. Se vivo fosse, talvez não cantasse mais sua terra como Casimiro de Abreu cantou sua Barra de São João (RJ). Certamente, hoje, vendo Juazeiro nas mãos de aventureiros, oportunistas, inescrupulosos, hipócritas, mercenários, vendilhões e venais, morreria de vergonha, tristeza e desgosto. Walter Barbosa entendeu o enigma da existência e fez sua própria história dentro da história do Juazeiro. Ele amava Juazeiro. ardorosamente, plenamente, fervorosamente, romanticamente, apaixonadamente! .

*Jota Alcides, jornalista e escritor, é autor de "PRA-8 O Rádio no Brasil" e "O Recife, Berço Brasílico"-